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Nos comunistas nos despedimos do velho camarada Amadeu Felipe da Luz Ferreira.

O Camarada Amadeu Felipe foi um lutador, um batalhador pelas causas da classe dos trabalhadores. Desde a juventude se engajou nessa luta.

Nascido em Blumenau (SC) em 16 de dezembro de 1935, filho de família de militares, entrou para as fileiras do exército aos 18 anos para seguir carreira e logo foi promovido a sargento.

Nos anos 60 o Brasil passava por uma crise política desde algum tempo, com tentativas de golpes pela direita, para assumir o poder que parecia se inclinar à esquerda. Os militares nacionalistas se contrapunham aos que queriam entregar o país ao capital internacional e os praças, cujos sargentos tinham maior ascendência à tropa, exerciam a sua liderança contra a oficialidade entreguista. A renúncia do presidente Jânio Quadros desencadeou uma série de acontecimentos políticos e militares para a negativa de posse do vice João Goulart. Os militares nacionalistas se articularam para garanti-la. Em 1961, na Cadeia da Legalidade comandada por Leonel Brizola para evitar o golpe militar e garantir a posse do Vice-Presidente, os sargentos se uniram e iniciaram a resistência. O Amadeu estava entre eles. Tornou-se o líder. Amadeu Felipe e seus companheiros empreenderam uma série de ações militares no RG Sul visando a garantir a legalidade e a Constituição. O Vice tomou posse, mas a articulação da direita continuou, culminando com a implantação da ditadura que tirou os direitos do povo em 1964.

Os sargentos liderados do Amadeu Felipe se organizaram para enfrentá-la. Pegou em armas para defender a democracia, a liberdade, a justiça e a solidariedade entre as pessoas. O Partido Socialista Brasileiro viabilizou o envio de 22 combatentes para treinamento em Cuba e depois uma tentativa fracassada de instalação da guerrilha em Criciúma. Optaram então por montar um foco guerrilheiro na região do Parque Nacional do Caparaó, localizado na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, que era considerado um ponto estratégico.

A Guerrilha de Caparaó, ocorrida entre fins de 1966 e início de 1967, foi o primeiro movimento no país de resistência armada à ditadura e que teve repercussão internacional, junto com movimentos parecidos em outras partes do mundo como Congo e Bolívia. O movimento não prosperou e os guerrilheiros foram presos, após serem denunciados por moradores da localidade.

Destemido líder por toda a vida, o comandante da Guerrilha do Caparaó foi preso nas piores masmorras da ditadura, o que não foi suficiente para quebrar sua disposição para a luta. Sempre se opôs ao sistema que privilegia os ricos e discrimina os pobres. A desigualdade que o capitalismo cria sempre o preocupou e o indignava. Era essa a sua luta.

Com a ditadura nos seus estertores resolveu dar sequência à vida em Londrina, onde chegou em 1971, depois de ter passado cinco anos preso no Rio de Janeiro. Londrina foi seu refúgio. Mas não se aquietou. Continuou a fazer política a par de um empreendimento industrial que teve por alguns anos. Por todo tempo sempre militou nos partidos de esquerda enquanto o PCB não era legalizado. Fez campanha e foi secretário no governo do prefeito José Richa do velho MDB (1973- e 1977) que unificava a oposição contra a ARENA da ditadura. Mais tarde com Luiz Eduardo Cheida do PT ganhando as eleições para a prefeitura em 1992, Amadeu Felipe foi designado Secretário Geral ajudando um governo popular.

Em 2008 foi candidato a prefeito de Londrina pelo PCB tendo como candidato a vice o também camarada Fábio Gonçalves dos Anjos. Em 2010 o PCB lança seu secretário político estadual candidato a governador e Amadeu Felipe percorre o PR em campanha para mostrar à população a alternativa comunista de organização da sociedade com o fim da exploração do homem pelo homem.

Mais tarde Amadeu Felipe e vários quadros do PCB do Paraná resolvem se filiar no PCdoB, buscando ajudar a construir a unidade partidária dos comunistas e da esquerda, e agir em defesa do segundo mandato do governo popular da presidenta Dilma Rousseff e contra novo golpe que acabou consumado.

Essa luta permanece até hoje. Ele morre, mas seu sonho de um mundo menos desigual, mais justo e solidário continua.

O Brasil é um país surreal. Celeiro do mundo onde seu povo passa fome, potência econômica, mas a classe proletária amarga desemprego recorde com milhões de trabalhadores sem atividade laboral. É exemplo de atendimento à saúde com o SUS, com expertise em vacinação em massa, porém mais de 460 mil de pessoas mortas por cavid-19 por falta de vacina e propaganda enganosa de falsos remédios.

Era contra esse tipo de coisa que o camarada Amadeu se rebelava. Ele foi um militar de posição nacionalista e democrata, oposta aos militares entreguistas e fascistas como o capitão Bolsonaro e seus subalternos a exemplo do General Pazuello.

Ao par desse lutador vivia um homem preocupado com os trabalhadores e humildes, a quem ele tratava com a mesma deferência que com os abastados.

Sempre atencioso e cordial com todos, cavalheiro como poucos hoje em dia. Pai zeloso de seus três filhos e avô de dez netos, deixa uma lição de vida coerente com seus ideais, mostrando a eles o que ocorreu.

A nós, seus camaradas, nos deixa seu legado e a continuidade da luta.

Camarada Amadeu Felipe Presente!

 

Diretório Municipal do PCdoB de Londrina

Diretório Estadual do PCdoB do Paraná